CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DE PACIENTES COM LESÃO NA CAVIDADE ORAL SOBRE AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Turma III (2019)
Aluno (a): DAVIDE CARLOS JOAQUIM
Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Leilane Barbosa de Sousa
Resumo: As infecções sexualmente transmissíveis (IST) constituem um importante problema de saúde pública, particularmente em países emergentes e em desenvolvimento, como Brasil e muitos países africanos, estando vinculadas às patologias mais prevalentes e a um maior número de óbitos. Qualquer pessoa sexualmente ativa pode adquirir infecções sexualmente transmissíveis. Entretanto, pacientes com lesões orais apresentam o risco aumentado para aquisição dessas infecções durante a prática de sexo oral desprotegido. O estudo teve como objetivo geral avaliar o conhecimento, atitude e prática de pacientes com lesão na cavidade oral sobre as infecções sexualmente transmissíveis. Trata-se de pesquisa transversal, descritiva, com abordagem quantitativa. A investigação foi realizada no Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Baturité – CE, com 388 pacientes atendidos entre os meses de agosto e setembro de 2019. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os participantes preencheram um instrumento de coleta de dados validado por sete profissionais de saúde experts em IST e saúde bucal. Os dados obtidos foram organizados no Excel for Windows e analisados pelo programa Epi Info, versão 7.2.1.0. Foi realizada análise descritiva, obtendo-se as frequências relativas e absolutas das variáveis categóricas, além de medidas de tendência central e dispersão, para variáveis quantitativas. Para avaliar a relação entre as variáveis categóricas, foi aplicado o Teste de Qui-quadrado de Pearson e Teste Exato de Fisher, adotando-se o nível de significância de 5%. Predominou o sexo feminino (77,32%), faixa etária menor de 25 anos de idade (37,11%), autodeclarados pardos (73,45%), casados ou em união estável (38,66%), com renda familiar de até um salário mínimo (63,14%). Quanto aos hábitos nocivos à saúde, a maioria não fuma (95,88%) e não ingere bebida alcoólica (74,23%). Acerca do conhecimento sobre as IST e modos de transmissão, 79,64% já ouviram dessas enfermidades, 65,98% indicaram a prática de sexo oral como forma de transmissão. Dentre as IST que podem ser transmitidas pela cavidade oral, 44,59% apontaram a herpes genital e 39,95% o HIV/aids. Em relação a percepção sobre o uso do preservativo, 95,88% acreditam que é necessário usar sempre no sexo vaginal, 85,82% no sexo anal e 63,66% no sexo oral. Sobre a sexualidade, 76,55% tinham vida sexual ativa e quase a totalidade pratica o sexo vaginal. Quanto ao uso do preservativo, 80,93% afirmaram já utilizar o preservativo masculino; destes, 39,95% utilizam às vezes no sexo vaginal, 16,75% nunca utilizaram no sexo oral e 9,79% utilizam sempre no sexo anal. A maior parte das mulheres realizou exame ginecológico a menos de um ano, 73,76% não tinham a cavidade oral avaliada por profissional que realizou o exame e 53,67% relataram a história de corrimento vaginal. Por outro lado, 63,64% dos homens nunca procuraram um profissional de saúde para realizar exame na região íntima e dos que já realizaram o exame, 55,33% tinham a cavidade oral avaliada e a maioria nunca tiveram corrimento, feridas, bolhas e verrugas no pênis. A maioria dos participantes que relatou história de sinais e sintomas sugestivos de IST realizou o tratamento, 56,82% procuraram profissional médico e 76,67% informaram à parceria sexual o problema. Quanto à realização dos testes sorológicos, 57,47% já fizeram o teste para HIV, 48,45% nunca realizaram o teste para sífilis, resultado semelhante para hepatite (48,20%). Houve associação significativa entre a faixa etária com atitude (p = 0,000) e prática (p = 0,011) inadequadas sobre as IST, entre ser mulher e ter uma prática inadequada (p = 0,035) e entre os participantes autodeclarados pardos e conhecimento inadequado (p = 0,004). Identificou-se associação significativa entre viver sem companheiro e apresentar atitude inadequada (p = 0,049), menor escolaridade com conhecimento (p = 0,000), atitude (p = 0,046) inadequadas, baixa renda familiar com conhecimento (p = 0,040) e atitude (p = 0,007) inadequadas. Constatou-se associação significativa entre não saber que a prática de sexo oral é um modo da transmissão das IST e atitude inadequada (p = 0,004). Ainda, observou-se à relação entre não ter conhecimento do HPV (p = 0,004), gonorreia (p = 0,019), herpes genital (p = 0,015), sífilis (p = 0,008) como infecções que podem ser transmitidas pela cavidade oral e apresentar atitude inadequada. Conclui-se que a população investigada não apresentou ter conhecimento, atitude e prática adequada acerca das IST. As condições socioeconômicas influenciaram negativamente no conhecimento, atitude e prática deste público. Também, o conhecimento inadequado influenciou negativamente atitude e prática. Assim, faz-se necessário as ações de educação em saúde para sensibilizá-los quanto ao risco de contaminação por IST e sobre os métodos de prevenção e diagnóstico disponíveis, enfatizando a importância do uso do preservativo em todas as práticas sexuais, o exame da cavidade oral e a necessidade da realização de testes sorológicos. Palavras-Chaves: Conhecimento, Atitude e Prática em Saúde. Saúde bucal. Infecções Sexualmente Transmissíveis. Enfermagem em Saúde Pública.